América 500 anos de devastação e saque, de 1992, é uma instalação para um lugar específico: a Enseada do Suá, em Vitória, ES, para comemorar os 500 anos da descoberta das Américas; sua construção foi financiada pelo poder público municipal. A proposta deste estudo é refletir sobre a categoria fenomenológica do pertencimento, analisando a obra, seu conteúdo conceitual, formal e material de modo a evidenciar como essa obra se afastava da expectativa de “obra de arte” da população que a circundava. Este estudo que tem como base os pressupostos da
Crítica Genética e empregará métodos de coleta de dados a partir dos documentos de processo existentes que possibilitem uma revisão do processo de criação da obra em questão. Para tal, parte-se do conceito de monumento e de seu caráter comemorativo, para buscar , na mediação da identidade social da cidade os elementos que vão
justificar seu abandono como obra, assim como sua retirada por solicitação popular, e mesmo a escolha do novo monumento que veio a ocupar o local da instalação. Investiga-se, assim, as tendências e intencionalidades do projeto poético da obra como fator de distanciamento e não pertencimento gerado na população da Enseada
do Suá. É, em síntese, uma reflexão sobre a dicotomia que parece ter-se instalado entre o conceito de monumento e o de Arte Pública nessa obra.
Palavras-chave: Arte pública; Anti-monumento; Processo de criação.