Título

Honório Fraga

Categoria

Escultura Pública

Subcategoria

Busto

Temporalidade da Obra

Perene

Data de Execução/Inauguração

1973

Endereço

Praça da rodoviária de Colatina

Bairro

Centro

Município

Colatina

Espaço de Implementação

Praça

Link para Google Maps

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Coordenadas Geográficas

Latitude: 19.5337548
Longitude: 40.6289768

Material

Bronze

Técnica

Fundição

Assinatura

Não identificada

Placa/Inscrições

Transcrição

Dados Histórico

O dia 22 de dezembro de 1911, data o nascimento do décimo segundo filho do casal JOÃO VIEIRA DA FRAGA (JANJÃO) e ANA ANTÔNIA DA FRAGA (SINHANA), em MUQUI, no sul do estado do Espírito Santo: o menino HONÓRIO FRAGA.
Ainda garoto estudou em LEOPOLDINA, com o irmão ONOFRE e quando acabaram os estudos, voltaram para a fazenda, para se dedicarem aos negócios da família assim como os outros irmãos.
Determinação, persistência e tino comercial, sempre foram características marcantes da personalidade do jovem Honório Fraga. Se identificava bastante com o seu pai, Janjão, com quem tinha um ótimo relacionamento. A inteligência e praticidade do seu quinto irmão, AVIDES, fazia com que Honório nutrisse grande admiração por ele. GENÉSIO e ELSA também recebiam afeição especial de Honório: o caçula Genésio por seu temperamento e Elsa, sua oitava irmã, por toda sua constante atividade na administração dos seus negócios e que, assim como ele, também se identificava bastante com Papai Janjão.
Honório Fraga mantinha um ótimo relacionamento com os demais irmãos, exceto com AGOSTINHO, seu sexto irmão, por suas filosofias de vida serem bastante diferentes. Tais diferenças acabaram definitivamente, com qualquer clima de amizade entre os dois irmãos. Honório Fraga casou-se com ORMANTINA PEREIRA VAZ, no dia 22 de dezembro de 1932, dia do seu aniversário, quando completou vinte e um anos de idade. Sem o consentimento dos seus pais, por não concordarem com a sua escolha e também por acharem que Honório ainda era muito novo para se casar, aos vinte anos, Honório então saiu de casa e começou a sua vida independente. Foi trabalhar na serraria do seu irmão Avides e não demorou a prosperar nos negócios. A chegada do seu primeiro filho HONÓRIO HERMETO FRAGA (HONORINHO), quando os ânimos das famílias já estavam mais calmos, foi também o momento certo para que Honório apresentasse a sua esposa aos pais. Essa visita marcou a volta do clima harmônico na família. Honório e Ormantina tiveram o total de oito filhos, todos nascidos em Muqui, onde Honório paralelamente às suas atividades comerciais e políticas, criou a sua família. Seus filhos são: HONÓRIO HERMETO FRAGA, HAROLDO FRAGA ,NORMA FRAGA , JOÃO RENATO FRAGA, ANA MARIA FRAGA, AVIDES FRAGA MARIA DA GRAÇA FRAGA e MARINA FRAGA.
Honório Fraga foi um marido extremoso, respeitador e orgulhoso de sua esposa, DONA ORMANTINA. Companheira caridosa e religiosa, do estilo mãezona, que acolherá e criará muitos sobrinhos e primos, que hospedava quando estes vinham estudar por essas bandas. Um completava o outro. Era um pai presente, carinhoso, educador, de muita responsabilidade e de caráter firme, sempre mantendo a sua palavra na criação dos filhos.
Honório Fraga teve seu nome indicado por Janjão, para fazer parte da diretoria da S/A, FAZENDAS REUNIDAS JOÃO VIEIRA DA FRAGA S/A, criada em 24 de fevereiro de 1942, no cargo de DIRETOR GERENTE. Honório Fraga estava com trinta e um anos de idade quando descobriu, que além de herdar o tino comercial do seu pai, também havia herdado de Janjão o diabete.
Honório Fraga substituiu seu pai, após a sua morte em 1946, em decisão tomada pelos associados da S/A, após realização de assembleia geral, na diretoria da S/A, quando já não residia mais em Muqui. Seu irmão GENÉSIO assumiu o seu lugar quando ele resolveu se desligar da diretoria da S/A. Assim como seu pai Janjão, Honório Fraga sempre se envolveu com política. Filiado ao PARTIDO SOCIAL DEMOCRATA (PSB), foi eleito em 1947, DEPUTADO ESTADUAL por Muqui, juntamente com seu adversário político, o Dr. MILETO RIZZO.
Em 1950, Honório apoiou a candidatura de MANOEL LOBATO à prefeitura, conseguindo reunir o partido em torno do candidato para apoiá-lo. Em 1954, quando o partido lançou Honório Fraga como candidato à prefeitura de Muqui, Honório sofre um grande golpe de essas bem próximas ligadas a ele, como Manoel Lobato, a quem Honório apoiará na eleição passada e que agora, apoia totalmente o seu rival JOSÉ BETTERO, do PARTIDO TRABALHISTA BRASILEIRO (PTB). A oposição foi tão desleal com Honório Fraga, que Dr. Mileto, com o pseudônimo de FRANCISCO C. DE AZEVEDO, lançou um folheto chamado “ALERTA AOS ELEITORES” difamando vorazmente Honório, caracterizando-o como um homem em busca somente da realização de seus próprios interesses e distante do povo. “O POVO COMEU O BOI DO HONÓRIO E VOTOU NO ZÉ BETTERO! ” foi o dito popular da oposição, após conseguirem, jogando sujo, vencer Honório Fraga nas eleições. Honório que estava confiante com a vitória, sentiu-se traído pela população de Muqui e resolveu partir com a família para Colatina para tentar uma nova vida. Honório Fraga veio para Colatina pois já tinha negócios na cidade, em sociedade com LAURO, seu nono irmão e, com CUSTÓDIO RIBEIRO, na FAZENDA BOA ESPERANÇA. Impulsionado pelas atividades comerciais locais, Honório Fraga empenhou-se na expansão dos seus negócios, aumentando ainda mais o seu patrimônio.
Em 1958, Honório Fraga amargou mais uma derrota, quando seu partido PSB, não conseguiu eleger seu candidato à prefeitura, perdendo também, para o candidato do partido do PTB, como acontecera em Muqui. Honório Fraga foi então, na próxima eleição, lançado como candidato a prefeito de Colatina. Mais uma vez a oposição atacou-o de forma cruel, alegando que o povo não podia voltar no homem de chapéu grande e cara fechada, que estava acostumado a cuidar de bois e não de gente. Mostrando comportamento bem diferente dos seus adversários e empenhando-se ao máximo na sua campanha,
Honório Fraga (1963-1967) conseguiu eleger-se o décimo nono prefeito da Princesa do Norte, vencendo o candidato BELMIRO TEIXEIRA, candidato colatinense, que havia retornado do Rio de Janeiro recentemente para a cidade, onde fora estudar engenharia. Começava então, uma grande história de respeito e progresso, do homem que vindo de outras terras para Colatina, no intuito de criar seus filhos, ganhou a confiança do povo colatinense que o elegeu prefeito da cidade. “A VITÓRIA FOI GRANDIOSA!” acrescenta HAROLDO, seu filho.
No dia de sua posse, em uma área próxima ao CLUBE IATE, Honório Fraga com recursos financeiros próprios, brindou a população com um grande churrasco aberto a todos os colatinenses. Ainda nesse dia, no seu discurso, disse que, através de três procurações que estavam em seu poder, todo seu salário de prefeito seria doado a três diferentes instituições de caridade, assim como fazia Janjão, seu pai quando foi prefeito de Muqui.
Uma das primeiras ações do recém-eleito prefeito em ato público foi normalizar o tratamento da água da cidade, que não era tratada desde o final do mandato do último prefeito, pois a empresa fornecedora dos materiais para realizar esse tratamento, negava-se a entregar tal material, devido a grande dívida da prefeitura com a empresa. Honório Fraga, com seu próprio capital, regularizou a situação providenciando o pagamento da dívida com a empresa responsável pelos materiais de tratamento da água da cidade. Honório Fraga seguia uma linha de pensamento direta e clara enquanto prefeito de Colatina: se o recurso era do povo, da cidade, deveria ser usado para o povo, para melhorias na cidade. Dessa forma, suas promessas de campanha foram se realizando agradando bastante o povo. Alguma de suas ações foram:
• Usava carro próprio e não o oficial da prefeitura;
• Adquiriu máquinas, tratores e caminhões, para realizar suas obras na plataforma do seu governo;
Antes de realizar qualquer compra para a prefeitura, realizava antes, uma pesquisa de mercado;
• Conseguiu sanar as dívidas da prefeitura através de medidas de contenção
Nessa época Colatina já exercia grande importância na economia do Estado. A vida social colatinense vivia seus tempos áureos: rodas de amigos no “BIG BAR”, ALTEMAR DUTRA o CANTOR DA MADRUGADA e da RÁDIO DIFUSORA, do radialista MOACYR BASTOS, que após trabalhar na Rádio Difusora, começou a trabalhar no Rio de Janeiro.
No início do seu mandato, visitaram a cidade em 1963, IEDA MARIA VARGAS, a MISS BRASIL eleita MISS UNIVERSO nesse mesmo ano, e o jornalista ASSIS CHATOBRIAND, que foi paraninfo da formatura dos estudantes da ESCOLA NORMAL CONDE DE LINHARES.
Ainda no início do seu mandato, quando o carnaval colatinense se resumia a animação dos moradores da extinta RUA DA LAMA, encabeçada pelo SR. “ZINHO CAVEIRA”, um dos precursores do carnaval colatinense, o prefeito Honório Fraga, trouxe diretamente do Rio de Janeiro, uma escola de samba completa, que acredita-se ter sido a ESTAÇÃO PRIMEIRA DE MANGUEIRA, para desfilar e encantar a população colatinense.
Em 1966, foram fundadas as FACULDADES DE FILOSOFIA CIÊNCIAS E LETRAS (FAFIC), hoje FACULDADES INTEGRADAS CASTELO BRANCO e a FACULDADE DE DIREITO DE COLATINA, (FADIC) conhecida atualmente como CENTRO UNIVERSITÁRIO UNESC. Outras obras que ganharam destaque no seu mandato foram a construção da PRAÇA DA MATRIZ DO SAGRADO CORAÇÃO DE MARIA, em SÃO SILVANO, a chegada os primeiros sinais da TV TUPI e TV GLOBO na cidade e também a criação da bandeira e do brasão oficial do município. Honório Fraga era um homem culto, disciplinado e organizado, que não gostava de perguntas idiotas e descabíveis. Extremamente dedicado ao trabalho, acordava cedo para trabalhar, não se acomodando com o seu cargo de patrão ou prefeito, trabalhava junto com os seus funcionários, auxiliando-os e orientando-os.
O prefeito tinha uma visão ampla dos negócios. Negociava como ninguém, sempre de forma honesta, prosperando em todos os seus investimentos, tanto como produtor rural quanto como prefeito. Não aceitava mau caratismo e preguiça. No entanto, quando percebia boa índole e vontade de crescer de forma honesta em seus funcionários, procurava incentivar e ajudá-los a progredir. Não dava nada de mão beijada para ninguém, e sim, oportunidades e caminhos para que pudessem crescer e prosperar no que faziam, tendo muitos deles, enriquecidos graças à sua ajuda.
O prefeito conquistou com seu trabalho honesto, tanto na prefeitura quanto como produtor rural, sucesso, respeito, prestígio e uma bela família. Mas toda extrema dedicação ao trabalho e aos negócios, fizeram com que o diabete, descoberto ainda quando era muito moço, aos trinta e um anos, se agravasse abalando a sua saúde, devido ao seu grande desgaste físico. Como a medicina colatinense não possuía tantos recursos necessários a seu tratamento na época, Honório Fraga ausentou-se algumas vezes da prefeitura para se tratar no Rio de Janeiro, até que por fim é forçosamente, passou a residir na Cidade Maravilhosa. Seu tratamento foi realizado no HOSPITAL SÃO MIGUEL, onde fazia diálise, devido a uma lesão no rim causada pela doença. Enfrentou a doença com dignidade, respeitando o tratamento de forma séria, tendo sempre a seu lado, a presença de sua esposa Dona Ormantina.
Honório Fraga faleceu no dia 08 de agosto de 1968, em casa, dormindo. Deixou seu legado cravado no povo colatinense, através de grandes memórias do homem simples, que através de uma derrota sofrida, rumou para nova terra, escrevendo seu nome na história de uma cidade e nas lembranças de um povo que, muito respeitosamente, ele soube retribuir toda confiança nele depositada.
Em sua homenagem, no dia 22 de agosto de 1973, um belo busto foi erguido na cidade em sua homenagem. Mais tarde, seu nome também foi dado a um grande bairro colatinense é exatamente, um ano após o seu falecimento, a escola GINÁSIO SÃO SILVANO, recebei o seu nome, passando a se chamar ESCOL DE 1º E 2º GRAU HONÓRIO FRAGA, no dia 08 de agosto de 1969.
Em Muqui foi dado à Honório Fraga o nome de rua localizada no bairro São Pedro. Foi também denominado “RODOVIA HONÓRIO FRAGA” o trecho da ES 289, que se inicia na sede do Município de ATÍLIO VIVACQUA passando pela localidade de SÃO GABRIEL - CAMARÁ até o entroncamento da BR 393 (Rodovia Federal) que liga CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM ao município de Muqui, no Estado do Espírito Santo.
Dona Ormantina, sua amada esposa e grande companheira, faleceu no dia 30 de julho de 2007, devido a complicações geradas por um gravíssimo mal de Parkinson que afetou severamente a sua coordenação motora.
O legado da Família Fraga, desde a história de Papai Janjão e Mamãe Sinhana, estão eternizadas no livro “FRAGA, FRAGATA, FRAGOU...”, escrito por LEANDRA PASSINI DE CASTRO, que serviu de importante instrumento de pesquisa para este trabalho, bem como, nas memórias de seus filhos e filhas, netos(as) e bisnetos(as), que me receberam muito bem para compartilharem tão saudosas lembranças de uma família tão importante para o Estado e para a nossa cidade.

Texto disponibilizado: Pesquisador Erick Vilaça Guimarães.
Registro fotográfico Marcela Belo e Eloiza Comério.
Fonte: CEDOC/LEENA/UFES

Propriedade

Pública

Tipo de Proteção

Municipal / individual

Preservação

Pouco alterado

Autoria

Marcela Belo e Eloiza Comério.